Gilberto era querido por toda a turma. Morador de Interlagos, na capital, colecionava amigos por onde ia. Um rapaz nobre e cativante. Quando se sentava em uma mesa de bar então era aquela farra, histórias e mais histórias engraçadas, sempre acompanhadas de uma boa cerveja gelada e uma porção de amendoim da marca Cabreras, sua preferida.
Em 2007, quando trabalhava em uma agência de comunicação, conheceu alguns “figuras” da cidade mineira de Quatro Pontas, um lugar bonito e harmônico no sul de Minas Gerais. O local, além de suas belezas naturais, é conhecido pela formação de grandes músicos.
Com a afinidade dos mineiros, não demorou muito para que Gilberto recebesse o primeiro convite dos amigos de Quatro Pontas para conhecer a cidade em um feriado prolongado. Ele ficou maravilhado pela hospitalidade, pela cultura e pelas amizades, que cada vez mais aumentavam.
Em sua nona ida a Quatro Pontas, Gilberto teve uma surpresa. Os amigos locais, muitos deles músicos amadores, tinham sido convidados para participar de uma gravação com nada mais nada menos de que Gilson Nascimento, um dos principais nomes da música popular brasileira. Gilson nasceu em Quatro Pontas e sempre teve um sonho de gravar um disco com os jovens da cidade.
E assim foi feito. Numa tarde de sol em cima de uma montanha, foi montado um pequeno estúdio ao ar livre e ali por longas horas Gilson Nascimento e os jovens músicos foram tocando e se entrosando. Gilberto também não ficou de fora e logo já cantava seus primeiros refrões com a turma: “amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves”.
Desde o começo do encontro, Gilson Nascimento havia demonstrado um carinho e um encanto enorme por Gilberto. Logo que o conheceu, já perguntou seu nome e sua idade. E as afinidades foram só aumentando durante a noite.
Numa certa hora da madrugada Gilberto e Gilson saíram juntos para comprar mais cerveja e fumar um cigarrinho de palha. O veterano da MPB queria mostrar sua cidade ao novato. Após 4 horas eles voltaram felizes da vida, rindo à toa e já até um pouco alterados alcoolicamente. Os amigos estranharam a demora da dupla, mas não comentaram nada.
E o tempo passou, mas a amizade de Gilberto e Gilson Nascimento não foi passageira. Eles continuaram se falando, sempre com o mesmo carinho do dia que se conheceram.
No final da última primavera, Gilson Nascimento lançou o seu novo álbum somente com músicas gravadas com os músicos de Quatro Pontas. Em um domingo de manhã, Gilberto recebeu o presente enviado pelo amigo em casa.
Ao abrir a caixa do CD, Gilberto se surpreendeu com a dedicatória impressa na capa: “Querido amigo, a faixa 7 – chamada Sorriso - eu fiz especialmente para você para comemorar aquela noite inesquecível”.
O Sorriso de Interlagos é mais um conto da série “Os Paulistas”
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