Anos haviam se passado desde a última gemada com a Ofélia. Suas aventuras culinárias do mundo televisivo já não pertenciam mais a um passado tão recente, assim como suas noitadas bancadas pelo Doutor Assis. Abelardo Trenttini já estava em outra, fora do mundo dos links, dos pontos eletrônicas, das câmeras, das fitas BETA..... Ele hoje trabalhava em uma grande empresa especializada em imagem pública.
Com clientes importantes, Trenttini é conhecido por sempre colocar suas pautas numa grande emissora do país. Não importava o tema, ele sempre garantia um repórter dessa emissora no evento. E isso foi criando uma ciumeira entre as outras emissoras. Trenttini era sempre visto ao celular, dia e noite. E do outro lado da linha, sempre alguém dessa grande emissora.
Durante uma festa de diretores de TVs, regada a uísque 12 anos e vinho verde, Trenttini teve um reencontro com seu antigo “eu”. Na presença de grandes amigos da época de TV, o sheik manso se esbaldou com bebidas e assistentes de palco da Programa do Gugu. No dia seguinte, acordado com a lambida de seu cachorro, Trenttini nem lembrava como havia chegado em casa.
O sheik já tomava café na cozinha de seu apartamento em Moema, zona sul de São Paulo, quando percebeu que algo estava errado. Já eram 11 horas da manhã, perto do jornal do meio-dia, e seu celular ainda não havia tocado. Foi quando ele gritou: “cara, cadê meu celular”. Sozinho em casa, claro, ninguém respondeu.
Desesperado, já havia revirado todo o apartamento e nada de encontrar o aparelho. Ele tentava lembrar de tudo que havia acontecido naquela noite, mas em vão. Tinha flashes da festa, das loiras versus morenas, mas nada do celular.
Ele chegou a procurar o celular na máquina de lavar. Havia lembrado de um ensinamento de seu amigo Manoel Clark Kent, que sempre dizia que era importante guardar o aparelho em cima da lavadora para não correr o risco de deixar o aparelho fora da área de serviço. Mas, foi em vão. Não estava lá.
Chegou no trabalho abatido, não pela ressaca, mas pela falta de comunicação com os amigos da TV.
Explicou para o chefe o que havia acontecido e disse que não poderia ficar sem celular. Não acreditou quando seu boss disse que só poderia fornecer um outro aparelho em, no mínimo, 15 dias. Ficou transtornado, tentou planos para reaver seu aparelho. No mais ousado de todos, ele combinou com um repórter de TV para questionar um de seus clientes ao vivo durante uma matéria sobre a possibilidade da compra de um novo celular para o Sheik.
O plano não surtiu efeito e seus contatos diários estavam cada vez mais distantes. Em um momento nostálgico, Trenttini lembrou do seu primeiro celular e da primeira saia justa causada por ele. Ele estava com uma assistente de palco do Faustão em um Motel quando seu telefone móvel tocou. Era a mulher do sheik, que assustado perguntou: “Carmita, como você sabia que eu estava aqui neste Motel?”
Inconformado, ele ligou para todos os contatos e explicou o ocorrido. Por onde ele passava, ele contava a história, cantarolando “Se liga se liga freguesia, celular é nas casas Bahia”.
Indo para casa, Sheik Manso encontrou uma bela loira na rua e como flash lembrou da jovem na festa da noite anterior. Ele viu que a menina desviou o olhar. Ao abordar a moça, Abelardo Trenttini percebeu que a garota estava nervosa. E não foi preciso pressioná-la para ele descobrir que na verdade o sumiço do celular fazia parte de uma trama elaborada pelas outras emissoras. Inconformadas com a preferência pela concorrência, a loira foi contratada para embebedá-lo e depois sumir com o aparelho do sheik.
Foi quando mais uma vez o velho sheik manso de Moema veio à tona, ele levou a bela loira para sua casa e prometeu ensinar uma receita de gemada que há anos fazia sucesso na TV brasileira. Assim como seduziu Ofélia e Palmirinha no passado, Trenttini serviu um banquete para a moça. Sem que ela percebesse, ele vasculhou sua bolsa e pegou seu celular de volta. Assim que a gata foi embora, imediatamente Trenttini pegou o celular e fez sua primeira chamada: "Alô, Tramonttina....”
O Sheik Manso de Moema em “Cara, Cadê meu celular?” é mais um conto da série Os Paulistas.
As piadas no meio do texto estão ótimas. Essa da máquina de lavar da área de serviço me fez chorar de rir.
ResponderExcluir"Alô, Tramonttina....” kakakaka.....gênio
ResponderExcluirGosto assim, texto com piadas fazendo parte do contexto. A da área de serviço e a do Motel são ótimas e casaram legal com a história....hehehe
ResponderExcluirVale destacar que esse Sheik é o único que se dá bem no Blog. Um ícone! Uma Lenda!
ResponderExcluirA parte da área de serviço é sensacional
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